Ap. Jota Moura
“Óh quão bom e quão suave é viverem
unidos os irmãos” (Salmo 133.1).
Purim nos lembra que os judeus, mesmo estando num país
estranho e como escravos, foram duramente perseguidos pelas forças das trevas a
fim de serem eliminados para sempre, não deixando-se assim nenhum rastro de
sua história para a humanidade.
Nesta festa, lembramo-nos que Israel foi liberto da morte,
assim como foi no Egito (num país estranho e sob a condição de escravos). Em
Purim, a Bíblia e seus mandamentos realmente unem o povo de Deus e as suas
gerações subsequentes. Purim celebra a libertação do povo de Deus ainda no
cativeiro como no antigo Egito! Mesmo estando numa situação adversa e sob o
jugo dos persas, o povo de Israel pode experimentar uma tremenda libertação
pela ação do Eterno.
1. IMPORTÂNCIA DE PURIM
Esta palavra hebraica vem do termo “pur” que significa
sorte. Ela está então no plural, significando “sortes”. Por que os rabinos
atribuem significado especial a uma festa que não se encontra na Torah
(Pentateuco), que possui uma origem rabínica, que é celebrada com festividades
e comes e bebes, que é destituída de conteúdo religioso, e cuja fonte documenta
(O Livro de Ester), nem mesmo contém o nome de Deus?
A importância da Festa de Purim é que ela representa a
aceitação espontânea da Palavra de Deus, por parte de toda uma geração do Seu
povo. E é por isso que a celebração de Purim jamais desaparecerá, pois está
intimamente ligada à sobrevivência do povo judeu.
A libertação dos judeus das maquinações de Haman teve
início em Pessach, quando Esther fez a sua primeira aproximação do rei. Seria
então possível sugerirmos que Mordechai moldou a festa de Purim, até certo
ponto, segundo os modelos de Pessach? Se este é o caso, então o modo de
observação de Purim cai em um padrão bastante distinto.
Depois
de ser libertado das mãos de Haman por Deus, através da interferência de Ester
e Mordechai, o Povo Judeu agora reconciliou-se livre e alegremente à Torah,
cumprindo com os seus mandamentos. Eles não tinham nenhuma outra intenção e não
foram de forma alguma obrigados por Deus. E é por isso então que a Festa de
Purim adquire tamanha importância, pois é a celebração da aceitação voluntária
da Torah pelo povo judeu.
O tema básico de Purim é a história da libertação. Assim
como o êxodo do Egito, temos a obrigação de lembrar desta história. Em Purim
também a história é contada, através da leitura da Meguilá (Livro de Ester). Da
mesma forma que experimentamos o gosto amargo da servidão, através da história
e através do gosto amargo das ervas que comemos em Pessach, assim também
experimentamos a sensação de perigo para o nosso povo, através do jejum
anterior a Purim. O jejum, chamado de “Jejum de Ester” em homenagem ao papel
principal de Ester, não acontece no mesmo dia dos três outros dias de jejum.
Assim, da mesma forma em que em Pessach o gosto amargo precede a sensação de
liberdade, assim também em Purim, o jejum precede as festividades. Em Pessach
celebramos a libertação do Egito, em Purim nos alegramos pela libertação da
Pérsia numa celebração espiritual.
2. SIGNIFICADO DE PURIM
A Sidrá da Torah nos lembra do fato de que a nossa força se
baseia na nossa união como povo de Deus. Assim como os impostos em skekalim,
cada israelita era igual aos olhos de Deus, sendo somente parte do todo,
completos somente quando ligados ao seu próximo. Quando separado de sua
comunidade, o judeu se torna um simples fragmento; mas unido aos seus irmãos,
ele se torna um todo efetivo. O historiador grego Strabo descreve os judeus da
sua época: Não há lugar algum do mundo onde o judeu não esteja ou não tenha se
estabelecido. Mesmo assim, em todas as nações da dispersão, os judeus
mantiveram-se unidos e não fragmentados. Eles consideravam-se a si próprios
como judeus da diáspora e encaravam Israel como sua terra natal. Jerusalém era
a mãe de todas as comunidades judaicas, o Templo e os Sanedrim representavam
sua capital. (Sanedrim 11, Rosh Hashaná 22).
A história dramática de Purim nos dá uma ilustração a mais
deste princípio. Ester ao contar a Mordechai os planos diabólicos de Haman de
exterminar todos os judeus do Império Persa, disse que Haman obteve sucesso em
convencer o rei Ahasuerus, devido ao fato dos judeus estarem “divididos e
desunidos” (Ester 3:8).
Tendo
o desespero se espalhado por entre os judeus, Mordechai pediu à Ester que
intercedesse e que fizesse um apelo ao Imperador. Ester o aconselhou: “Una os
judeus primeiramente”. Só então Ester fez o apelo junto ao Imperador que trouxe
a salvação e a festividade. Os judeus estão ligados a um pacto apresentado a
eles por Mordechai e Ester.
As características de Iom Kipur são arrependimento, oração
e ofertas aos pobres, são também as características de Purim. Os últimos dos
itens são muito claros. O jejum de Ester e a leitura da Meguilá são facilmente
identificados com as orações dos rituais de Kipurim. Yom Kipurim é o dia mais
sagrado do ano – o dia no qual estamos mais perto de Deus e da quintessência
de nossas almas. É o Dia da Expiação – “Pois neste dia Ele te perdoará, te
purificará, para que sejas purificado de todos os teus pecados perante Deus”
(Levítico 16:30). Há ainda uma mitzvá específica – Matanot Laevionim – presente
aos pobres. O aspecto de Tshuvá pode ser encontrado no Lech Kenoset col
Hayehudim. É a resposta ao que poderia ser mesmo considerado uma fraqueza
percebida até mesmo por Haman. “Há um povo disperso e dividido”.
3. APLICAÇÃO PRÁTICA DE
PURIM
O período festivo de Purim é marcado por um número bem
distinto de práticas. Os dias anteriores a Purim são os dias do Jejum de
Esther, exceto quando Purim tem início no Sábado à noite.
Além
da leitura da Meguilá (Livro de Ester), é também uma obrigação em Purim a
comemoração da data com uma breve festividade. São enviados presentes aos
pobres (matanot laevionim) e vários tipos de alimentos para no mínimo uma
pessoa (mishloach manot). Da mesma forma em que somos chamados a jejuar,
também devemos presentear aos pobres e enviar comida para ao menos um
indivíduo. O objetivo disto é permitir que os pobres consigam o necessário para
a celebração da Festa de Purim.
Vivemos em uma época perigosa pela descrença generalizada.
Infelizmente, a grande maioria dos cristãos hoje, não veem a Bíblia como parte
integrante em suas vidas. Alguns não têm feito isto somente por ignorância,
simplesmente desconhecem o real conteúdo da Bíblia e, por isso, não podem
entender sua importância. Outros simplesmente a rejeitam, sendo que o pouco que
sabem não os convence da verdade para serem libertos espiritualmente (ler João
8.32,36).
Nossa obrigação última é com a educação bíblica em todos
os seus níveis e não apenas para as crianças. Somente através do estudo da
Bíblia, uma pessoa é capaz de aprender a gostar da Palavra de Deus em toda a
sua grandeza e sentir a inspiração necessária para viver de acordo com ela. A
educação cristã deveria ser o item mais importante de toda a agenda da Igreja.
Dizendo de um modo simples, sem o estudo sistemático da Bíblia, a vida cristã e
o cristianismo em todas as suas facetas perderão sua eficácia.
A Igreja cristã tem sobrevivido por mais de 2000 anos,
somente devido ao fato de que em cada geração, tem havido um número suficiente
de pessoas que estudaram a Bíblia, sentindo-se inspiradas a viver segundo ela, e
até morrer por ela. Enquanto o povo cristão continuar a se comprometer com a
Bíblia e seus mandamentos a cada geração, o verdadeiro espírito de Purim viverá
para sempre, e mais importante que isso, sobreviverá.
A união do povo de Deus traz o milagre da salvação. Quando
todas as forças da Igreja estão a serviço do Senhor e dos valores bíblicos,
então as nossas conquistas trarão luz a todo o mundo.
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