Ap. Jota Moura
“Naquele
dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e
levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade.” (Amós
9.11).
Em Atos 15.1-29, uma
questão foi levantada acerca da possibilidade de os gentios serem aceitos como
cristãos sem se submeterem à Lei de Moisés. Pedro respondeu pela observação de
que nem os judeus nem os seus pais haviam sido capazes de suportar o peso da
lei; portanto, não fazia sentido fazer pesar o peso da Lei sobre os gentios. “Mas cremos que seremos salvos pela graça do
Senhor Jesus Cristo, como eles também” (v.11). Tiago confirmou a afirmação
de Pedro, citando uma passagem de Amós, na qual Deus promete “reedificar o tabernáculo de Davi... para que
o resto dos homens busque ao Senhor” (At 15.16-17). Muitas outras Escrituras
se referem ao tabernáculo de Davi, embora nem sempre com o mesmo nome. O nome
frequentemente usado é “Sião”, o monte de Jerusalém onde o tabernáculo estava
e onde Deus habitou entre o seu povo. Joel 2 começa com um emocionante brado:
“Tocai a buzina em Sião e clamai em alta
voz no monte da minha santidade!” Hb 12.22 diz:” Mas chegastes ao monte Sião”. Ambos referem-se ao tabernáculo de
Davi. Uma compreensão do conceito da restauração desse tabernáculo é essencial
para entender o que Deus está fazendo na Igreja hoje.
1. ESPÍRITO SANTO O
AGENTE DA RESTAURAÇÃO
A obra de restauração
de Deus é a uma obra do Espírito Santo dentro e através das vidas daqueles que
creram em Jesus e nasceram de novo do Espírito de Deus (Jo 3.3). O profeta Joel
predisse um dia em que Deus derramaria seu Espírito “sobre toda a carne” (Jl
2.28-29). Assim, o seu poder seria compartilhado com todo o seu povo e não
limitado a um indivíduo escolhido. Isso explica porque Cristo disse aos seus
discípulos que convinha que Jesus os deixasse e fosse para o Pai (Jo 16.7),
porque, então, o Espírito poderia ser mandado para habitar em cada um deles,
para enche-los e para capacitá-los nas obras sobrenaturais de Deus, que seriam
feitas através deles. Tito 3.5-6 revela que mesmo a salvação – a regeneração do
espírito morto do ser humano e a purificação que faz um homem aceitável a Deus
– é a obra do Espírito Santo. Enfim, cumprir-se-á Atos 1.8.
2. SIGNIFICADO DO
TABERNÁCULO DE DAVI
O Tabernáculo de Davi
foi estabelecido logo após ele ter sucedido Saul como rei. A arca do concerto,
que representava a presença e o poder de Deus, havia sido capturada pelos
filisteus. Após uma série de pragas, os filisteus retornaram-na a
Quiriate-Jearim, onde ela permaneceu na casa de Abinadabe (1Sm 4.1 – 7.1).
Davi desejava a presença manifesta de Deus com ele e o povo de Israel, então
ele procurou levar a arca para Jerusalém e coloca-la numa tenda no monte Sião
(2Sm 6; 1Cr 13 – 16). Anterior à sua captura, a arca havia sido alojada no
tabernáculo de Moisés – localizada na câmara interior chamada de Santo dos
Santos. A ninguém, exceto no sacerdote, era permitido entrar na presença da
arca, e somente ele, uma vez por ano, tinha de salpicar o sangue de um animal
sobre o propiciatório, que cobria a arca (Hb 9.1- 7). O povo podia se aproximar
somente até o pátio externo do tabernáculo para apresentar seus sacrifícios e
adorar a Deus. O Tabernáculo de Davi marcou uma mudança revolucionária daquele
sistema de separar Deus do povo. Sem violar o espírito da lei de Moisés. Davi
cultivou um espírito de intimidade, novamente, entre o povo e o Senhor.
3. RESTAURAÇÃO DA
PRESENÇA MANIFESTA DE DEUS
O grande significado do
tabernáculo de Davi mora no fato de que a arca, a verdadeira presença de Deus,
estava em volta entre o povo de Jerusalém. O povo era ensinado por Davi a
adorar a Deus com louvor, ações de graças e júbilo. Uns dezesseis ministérios
foram ordenados para atuar vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana.
Nenhum dos ministérios estava relacionados com culpa ou condenação, todos
refletiam o reconhecimento da misericórdia e da bondade de Deus e a sua
incondicional aceitação de todos que se aproximam dele na fé. A restauração do
tabernáculo de Davi hoje em dia significa largar o legalismo, a mentalidade de
julgamento e de condenação, voltando-se para o povo sofrido da Igreja e do
mundo com os braços abertos de um Deus de amor (Hb 10.1-25). O Senhor está
convidando todos para se voltarem a ele, para deixa-lo limpar todos os nossos
pecados e para recebermos o frescor que vem ao estarmos na verdadeira presença
do Senhor (At 3.19). Várias outras Escrituras denotam que, em Cristo Jesus,
Deus restaura o seu povo a um relacionamento íntimo de pai e filho, que foi
quebrado pela desobediência de Adão. Todos os que creem nele são trazidos de
volta para família de Deus (Ef 2.19) e são destinados a ser conforme a sua
imagem (Rm 8.29).
4. RESTAURAÇÃO DA
INTIMIDADE COM DEUS
A passagem em Ap 19.7-9
retrata a festa do casamento do Cordeiro, Jesus, quando ele clama por sua
noiva, a Igreja, após ela ter-se preparado para ele. Em sua carta aos Efésios,
Paulo explica como a noiva irá se preparar: submetendo-se a Deus e
permitindo-se ser purificada pela lavagem da água da sua Palavra, a fim de que
ela possa ser apresentada ao noivo sem mácula, sem ruga ou defeito (Ef
5.25-27). Quando a noiva estiver pronta a Jesus voltar para ela, a intimidade
quebrada no jardim do Éden será completamente restaurada, e o ser humano irá,
novamente, se tornar um com Cristo e com Deus, assim como Jesus orou em Jo 17.
Mas, assim como no primeiro “casamento” a esposa deve ser osso dos seus ossos
e carne da sua carne – isso é, ela deve ser igual a ele, poder e a vestindo na
sua glória.
Talvez a melhor maneira
de resumir tudo o que a restauração significa para o crente como indivíduo
seria o simples uso da palavra que Deus usou tanto no Novo como no Antigo
Testamento: vida. Em Dt 30.20, Moisés disse do Senhor: Pois ele é a tua vida”.
Em Cl 3.4, Paulo fala de “Cristo que é a nossa vida”. E Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com
abundância” (Jo 10.10). Mas nenhuma palavra excede o esplendor ou
plenitude de Davi, quando ele disse do Senhor “Refrigera a minha alma” (Sl 23.3). A restauração, para o indivíduo,
significa a substituição de uma morte espiritual por uma vida espiritual.
Ezequiel 36.25-28 claramente descreve apenas um transplante. Mas não somente
nós recebemos um novo tipo e qualidade de vida, como nós também crescemos
nela. Em muitos versículos, nós vemos tal processo de crescimento como uma obra
do Espírito Santo (Jo 16.23; 17.22; Rm 8.13; Fp 1.6; 2.13; Cl 1.27). Através do
seu Espírito Santo, Deus continua e aperfeiçoa a obra que ele começou em nós
na salvação.
5. RESTAURAÇÃO DA
IGREJA DO NOVO TESTAMENTO
Para a Igreja como um
todo, a restauração significa mais do que se tornar uma reprodução da Igreja do
Novo Testamento. Isso implica na Igreja ser tudo o que Deus tinha em mente para
ela ser: uma Igreja apostólico-profética em seus fundamentos (Ef 2.20-22).
Lembre-se, a restauração compreende o estabelecimento de algo a mais, e melhor
do que o original. Primeiro, a restauração significa que a Igreja irá mostrar
um tipo de amor que Jesus demonstrou durante o seu ministério na Terra. Através
do seu amor, ele disse, todos os homens conheceriam seus discípulos (Jo
13.34-35). A restauração também significa espalhar o poder de Deus, sem medida,
através da Igreja. Este poder será espalhado através do se povo à medida que o
dom do Espírito opere sem limites e sem restrições sob a direção do Espírito
Santo – e no santo Espírito do amor de Deus (Jo 13.34-35). Através da completa
operação dos dons e dos ministérios que Deus estabelece, e agindo no amor que é
essencialmente à sua natureza, a Igreja irá alcançar um grau de maturidade e
união que pode ser medida somente em termos da medida da “estatura completa de
Cristo” (Ef 4.13). À medida que a Igreja se trona uma casa espiritual (Ef
2.20), habitada por um santo sacerdócio, que oferece sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo (1Pe 2.5), todos os homens serão
atraídos para ele; o mundo irá, por fim, ver a glória de Deus através dessa
Igreja restaurada. Amém!
Que interpretação maravilhosa sobre o TABERNÁCULO.
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